Entre os olhos, o deserto

 

 

 

 

 

 

 

 

Entre os olhos, o deserto  (1997)

Instalação na Mostra In Site 97, San Diego, Estados Unidos

Numa ampla parede onde se encontram encostados alguns materiais, tais como hastes de ferro, são projetadas três imagens que vão se alterando e compondo diferentes trípticos ao som da música de Erik Satie (Gymnopédie N.1), misturada a sons diversos e trechos de outras músicas. Rostos, paisagens do deserto, imagens de televisão, objetos abandonados, tubarões e outros vários assuntos surgem em cada uma das telas. O ritmo com que cada uma das imagens se altera é variável. Às vezes apenas uma imagem se modifica, enquanto duas outras mantém-se fixas; às vezes duas imagens mudam em paralelo; e outras vezes as três imagens alteram-se simultaneamente. O trabalho não tem início nem fim pré-definidos. A seqüência de imagens, que dura cerca de 53 minutos, mantém-se em looping. A trilha sonora não está vinculada às imagens, portanto a relação entre sons e imagens é aleatória.

Em Entre os olhos, o deserto, a intensidade dramática presente em boa parte da produção de Miguel Rio Branco dá lugar a uma afetividade mais suave, embora as questões pungentes que atravessam toda a sua obra se mantenham. Uma possível via de compreensão desse trabalho pode ser encontrada na atmosfera afetiva que o fluxo de imagens e sons compõe, que parece estar situada no âmbito de uma sensibilidade melancólica (Guimarães, 2012).

A instalação foi montada pela primeira vez em 1997, na exposição In Site, em San Diego (Estados Unidos) e desde 2010 encontra-se no pavilhão dedicado à obra do artista, no Instituto de Arte Contemporânea Inhotim (Minas Gerais). Tanto a edição de imagens como os moldes da instalação se alteraram de uma montagem para a outra. Os objetos, por exemplo, estiveram presentes em algumas exposições e, em outras, não. Em 2001, foi lançado um livro com as imagens do trabalho, junto com um DVD contendo o seu registro.