Série Etéreos

 

Etéreos – Série Tempos de exposição

(desde 2007)

 

Nas paisagens de Tempos de exposição vislumbramos uma praia na qual tudo se mostra fluido, fazendo oscilar os limites entre mar, céu e areia. O trabalho integra a série Etéreos, que investiga a impregnação do tempo na imagem fotográfica. 

Em Tempos de exposição, a artista buscava apreender os acontecimentos decorridos num determinado intervalo de tempo, procurando minimizar a sua intervenção durante a captura da imagem, de modo a deixar margem para a participação do acaso. A utilização de uma câmera pinhole, cujos tempos de exposição costumam ser prolongados, foi um dos meios encontrados para favorecer essa atuação do acaso nas imagens. O processo de realização do trabalho é assim descrito pela artista: “procurei retratar algo que eu não tivesse poder algum sobre o que aconteceria frente à câmera. Minha função seria a de escolher o local, o enquadramento e o tempo de exposição do filme à ação da luz e do acontecimento. O local escolhido foi a orla marítima: a praia, na areia, bem próximo à linha de arrebentação. (…) Os tempos de exposição foram definidos de forma a conseguir uma imagem no limite do visível: clara ou escura demais para dela obter uma apreensão exata do que era dado a ver. Mais uma vez trabalhei com o filme diapositivo para atingir na imagem fotográfica o resultado exato do tempo de exposição do filme à luz” (Costa, 2008, p.87). A opção por trabalhar os limites do visível produziu imagens marcadas por uma nebulosidade, um flou que, para autores como Raymond Bellour (1997), constitui uma das formas pelas quais o movimento e o tempo se fazem presentes na fotografia. 

As imagens de Tempos de exposição foram expostas, junto com as imagens do trabalho Horizontes (que também compõe a série Etéreos), em caixas de luz onde estavam dispostos os diapositivos. As imagens fizeram parte também do livro Etéreos, um dos apêndices da dissertação de mestrado de Ana Angélica.