Feito Poeira ao Vento

 

Feito poeira ao vento  2006)

A partir do ambiente do mercado Ver-o-Peso, em 2006, é concebida a obra que funde fotografia e vídeo num mesmo experimento. Trata-se do pinhole vídeo Feito poeira ao vento, trabalho com o qual Dirceu Maués obteve reconhecimento no campo artístico de todo o país. A animação videográfica realizada a partir da sequência de fotografias dá ao espectador a oportunidade de circular pelo entorno do mercado popular do Pará, no qual o burburinho do fluxo de pessoas e o passar do tempo nas imagens adensam o movimento agitado do lugar.

O artista captou imagens pinhole do mercado e seu entorno por cerca de 4 horas, compondo uma visão de 360° do lugar. Deste registro, resultaram 991 fotografias que conduzem os 3,5 minutos do vídeo Feito poeira ao vento. Mais do que um encaixe exato de uma fotografia após a outra, há uma aposta na diferença do quadro a quadro, no movimento trôpego, por meio do qual, diz o artista, “você tem o tempo mais longo do pinhole, e ao mesmo tempo você tem o tempo quebrado do vídeo, não há aquela linearidade dos tempos todos iguais” (in KLAUTAU FILHO, 2010, p.115). 

A experiência de uma captura mais lenta do tempo, que é uma peculiaridade da imagem em pinhole, no vídeo, dá lugar a um movimento frenético de centenas de imagens, de ruídos do ambiente do mercado e da trilha sonora de ritmo acelerado. As fotografias são camadas que se unem ao movimento sequencial e aos sons de forma tão veloz, que os 3 minutos e meio do vídeo coloca o espectador em uma experiência de duração bem diversa das quatro horas dispensadas por Maués para a realização das imagens no mercado. O tempo fotográfico é contraído no videográfico, fazendo de Feito Poeira ao vento um exercício híbrido de temporalidades.