Out of Nowhere

Out of Nowhere 

(primeira montagem em 1994)

Out of nowhere, 2006

Instalação montada no Groninger Museum, Groninger, Holanda

Esta instalação foi montada pela primeira vez em 1994, na Bienal de Havana, e, desde então, foi remontada em diversas partes do mundo (MAM – Rio de Janeiro, 1996; Fundación La Caixa, Espanha, 1999; Groninger Museu, Holanda, 2006; entre outras). Como é frequente no processo artístico de Miguel Rio Branco, a cada nova montagem, o trabalho se modifica para estabelecer um diálogo com o espaço expositivo. 

Out of nowhere é composta por diversos elementos. Sobre painéis de pano preto estendidos nas paredes encontram-se coladas fotografias, muitas delas da série Santa Rosa, realizada numa academia de boxe do Rio de Janeiro. Misturadas às fotos, há recortes de um tablóide americano da década de 1920, o Police Gazette (cujos principais assuntos eram esporte, sexo e assassinato) e também fotocópias de stills de filmes dos anos 1920 e 1930. Espelhos antigos em estado de corrosão espalham-se pelo ambiente, às vezes formando aglomerados escultóricos que multiplicam e fragmentam a presença do trabalho. Mais do que trazer o observador e o ambiente para dentro da instalação, os espelhos atuam, segundo Miguel Rio Branco (2007), incorporando o movimento ao trabalho.

A única luminosidade do ambiente provém de lâmpadas incandescentes penduradas por fios que pendem às vezes diretamente sobre as imagens, impregnando com um tom quente todo o espaço. A trilha sonora é composta por canções americanas dos anos 1930 e 1940, como “Out of nowhere”, de Bing Crosby, cantada por Fred Astaire.

Diversos elementos da instalação remetem ao passado: as imagens de filmes antigos, o jornal dos anos 20, os espelhos e a música. O trabalho fala de um tempo constituído pelo acúmulo de muitas camadas e indissóciável do corpo, presente de forma marcante nas imagens da academia de boxe e na imagem do observador, que se incorpora ao trabalho através dos espelhos.