Ver o Peso da Agulha

 

Ver-o-Peso pelo furo da agulha ( 2004)

Em 2004, Dirceu realiza o trabalho Ver-o-Peso pelo furo da agulha, no qual o maior mercado popular de Belém – o Ver-o-Peso – se inscreve em fotografias preto e branco e coloridas. O movimento de pessoas, mercadorias e embarcações comparece no fluxo visível de cada imagem, no instante descongelado, característico do registro com tempo de exposição mais longo da pinhole. A percepção do ambiente é construída a partir de imagens que contém rastros, borrões e zonas imprecisas, desapegadas da fixidez do instantâneo fotográfico. Há presença de corpos e matérias que tremem diante da câmera e resvalam na superfície fotossensível.

Maués destaca o fluxo de pessoas e mercadorias do mercado de modo que a apreensão das formas se mantenha indefinida, com contornos pouco nítidos. A captura das imagens com câmeras artesanais marca a série Ver-o-Peso pelo furo da agulha com borrões e movimentos, por vezes, caudalosos. Com dimensões variáveis, as fotografias apresentam enquadramentos diferenciados, nos quais pessoas, construções e objetos se distinguem pela intensidade maior ou menor dos rastros que deixam quando se movimentam ou param no local. O ambiente do Ver-o-Peso favorece a dimensão de passagem e ritmo cambiante que a série carrega.