Imagens de abertura

 

 

Imagem de abertura

(desde 2005)

A série Imagem de abertura começou a ser desenvolvida em 2005, como uma produção do coletivo “Projeto Subsolo”, composto por Ana Angélica da Costa, Janaína Garcia e Roberta Macedo.  O foco de investigação da série dirige-se para o processo de produção artística, naquilo comumente designado como “sistema da arte”, que envolve, além do trabalho do artista, a realização de exposições, a mediação de instituições e a participação de um público. A proposta do Imagem de abertura era desenvolver um trabalho durante a abertura da exposição, momento no qual geralmente se expõe um trabalho já realizado. No dia da abertura da exposição não havia obras expostas, mas tão-somente uma câmera pinhole que permanecia com o obturador aberto durante todo o período do evento. Depois de revelada, a imagem produzida no dia da abertura era então exposta. 

Mas o trabalho não efetuava um registro realista da abertura da exposição, pois as imagens produzidas pelas câmeras pinhole mostravam apenas vestígios de um acontecimento. A utilização dessa técnica artesanal envolvia também uma grande parcela de imprevisibilidade, a tal ponto de uma das imagens da série, realizada na (e para a) exposição do Ateliê da Imagem (2007), ter se mostrado, após a revelação, completamente escura. Esta imagem foi aceita como resultado e exposta, uma vez que embora não remetesse ao momento da vernissage, falava do processo de realização do trabalho, incluindo os “erros”, os desvios e o acaso nele implicados. Imagem de abertura propõe, desse modo, paralelamente à discussão sobre o sistema da arte, uma reflexão sobre o processo de constituição das imagens fotográficas. O trabalho questiona certos cânones da fotografia (o documento, o instantâneo e a composição formal bem elaborada) com uma imagem na qual a participação do acaso é ampliada. Ana Angélica afirma que “as imagens de abertura foram pensadas inicialmente como uma contraposição ao instantâneo, mais especificamente ao ‘instante decisivo’ bressoniano. Um não-registro (apesar de impressão) de um acontecimento que não se identifica na imagem, um ‘isso-foi’ (Barthes, 1984) que não se mostra, uma foto que em nada punge. Uma imagem que tudo capta mas pouco revela além da arquitetura imóvel de onde é feita” (Costa, 2008, p.70).

Imagem de abertura aconteceu em diversos espaços, tais como o Centro Cultural dos Correios (2005), o Ateliê da Imagem (2007), a Escola de Artes Visuais do Parque Lage (2007) e a Galeria de Arte da Universidade Federal Fluminense (2007). Em suas diversas versões, a série desdobrou-se de diferentes modos, lançando-se a cada vez a novas experimentações.