Cássio Vasconcellos
As experimentações de Cássio Vasconcellos
Os ensaios de Cássio inserem-se no contexto das pesquisas de novas linguagens, que reconfiguram o lugar do fotógrafo e da fotografia no âmbito da cultura brasileira contemporânea. Situadas nas fronteiras da prática fotográfica convencional, suas imagens ampliam a percepção sobre inúmeros acontecimentos cotidianos que acreditávamos já definitivamente vistos e conhecidos.
Cássio integra uma geração de fotógrafos, surgida nos anos 80, que abordou a dimensão cultural e as suas experiências pessoais – imaginária, mítica e onírica. Certas questões ganharam destaque neste contexto, como os clichês das sociedades midiáticas, o estatuto da imagem nas sociedades contemporâneas e a relação entre as diferentes formas de expressão.
Essa tendência da fotografia brasileira, denominada de fotografia expandida ou pós-fotografia, tem como antecedente, no campo das artes visuais, o legado da fotografia concreta, realizada na década de 1950 por renomados fotógrafos, como José Oiticica Filho e Geraldo de Barros e, na década de 1960, pelos trabalhos de Ana Bella Geiger, Ana Vitória Mussi e Antônio Manuel – entre outros, que problematizaram o estatuto de veracidade e de transparência da imagem fotográfica.
Fortemente marcados pela experimentação, os projetos fotográficos de Cássio não se pautam nas normas dos manuais – nos dogmas e nas fórmulas já consagradas – nem tampouco na suposta objetividade primor- dial da imagem fotográfica. Frequentemente criadas a partir de um trabalho intenso nas fases de pré e/ou de pós-produção, muitas vezes interferindo no negativo ou na cópia, suas imagens surpreendem o olhar do observa- dor, capturado numa dupla dinâmica de reconhecimento e estranhamento.
Antonio Fatorelli